Existem diversas formas de definir o tempo de existência do planeta Terra, e uma delas é o Tempo Geológico, que tem como base a história evolutiva do planeta, especialmente em sua estrutura geológica. Com base nessa teoria estamos no Pleistoceno, Período Quaternário da era Cenozoica, iniciado há aproximadamente 1 milhão de anos, e é marcado pela evolução do Homem.
Para um melhor entendimento sobre as eras podemos comparar o tempo geológico ao período de um ano:
Janeiro: dia 1 – Formação da Terra (4.560 milhões de anos) Março: dia 2 – Mais antigas evidências de vida (3.800 milhões de anos) Junho: dia 14 – Consolidação dos primeiros continentes; termina o Arqueano e inicia o Proterozoico (2.500 milhões de anos) Julho: dia 24 – Primeiros organismos eucarióticos (2.000 milhões de anos) Outubro: dia 12 – Eucariontes começam a se diversificar (1.000 milhões de anos) Novembro: dia 18 – Início da Era Paleozoica; grandes continentes se formando, como Laurásia e Gondwana (450 milhões de anos).
Dezembro:
Dia 03 – primeiros répteis (350 milhões de anos)
Dia 12 – Início da Era Mesozoica e do processo de Deriva Continental (248 milhões de anos)
Dia 20 – Início da separação entre América e África (140 milhões de anos)
Dia 26 – Extinção em massa dos dinossauros e outros organismos; fim da Era Mesozoica e início da Era Cenozoica
Dia 31 – às 19:00 e 12 minutos surge o primeiro Homo na África; às 23 horas, 59 minutos e 57 segundos Cabral chega ao Brasil; às 23 horas, 59 minutos e 59 segundos inicia o século XX.
As mudanças nos períodos são marcadas por momentos pelos quais o planeta passa. Elas estão descritas na Tabela Estratigráfica Internacional, onde também são registradas mudanças que possam ocorrer a partir de descobertas científicas. Antropoceno seria o período em que as características geológicas do nosso planeta passaram a sofrer alterações significativas por conta da ação humana, a ideia de criá-lo partiu do Prêmio Nobel de Química Paul Crutzen em 2000, embora outros cientistas já tivessem feito propostas semelhantes bem antes. O Antropoceno marcaria o momento em que o artificial tem mais peso que o natural. Um estudo da revista Nature revela que em 2020, a massa dos objetos construídos pela humanidade superou em peso a massa dos seres vivos pela primeira vez na história.
O Antropoceno ainda não é considerado na Tabela Estratigráfica Internacional, portanto, não é um Período formalmente reconhecido pela comunidade internacional. No entanto, os pesquisadores que defendem a sua existência acreditam que, com a Revolução Industrial, houve um aumento massivo da pressão exercida pelas atividades humanas sobre os recursos naturais do planeta, causando intensas transformações na Terra. E isso caracterizaria algo de destaque na escala do tempo geológico.
Ainda faltava estipular o local exato que marca o início dessa época, o que chamam de “golden spike” do Antropoceno. Isso foi feito com a escolha do Lago Crawford, no Canadá, cujos sedimentos guardam sinais químicos da presença humana no planeta que ainda poderão ser encontrados daqui a muitos milhares de anos.
Há algumas contradições sobre se este novo período de tempo na escala geológica seria um novo Período ou uma nova Época. Algumas pessoas acreditam que o Holoceno pode também ser chamado de Antropoceno, pois foi nesta Época que todas as grandes coisas feitas pela humanidade ocorreram e a ação humana passou a causar alterações significativas no planeta desde o desenvolvimento da agricultura, há cerca de dez mil anos. Se considerarmos todos os impactos da espécie humana sobre os ecossistemas teríamos que recuar ainda mais no tempo. O crescimento da população de homo sapiens pode estar relacionado com a grande extinção de megafauna após a última glaciação, ocorrida há quase doze mil anos atrás. De qualquer forma, por enquanto esta nomenclatura não é oficialmente utilizada na ciência.
O aumento da massa antropogênica em detrimento da biomassa tem efeitos perniciosos para o planeta, como as mudanças climáticas, o desmatamento e a perda da biodiversidade.
Entre as principais tendências para minimizar o impacto da atividade humana no meio ambiente, cabe destacar:
Descarbonização da economia: O impulso às energias renováveis e às redes inteligentes, assim como a eletrificação do transporte, são fundamentais para reduzir a pegada de carbono e realizar uma transição justa rumo a uma economia descarbonizada necessária para o planeta.
Economia circular: Reduzir, reutilizar ou reciclar, aumentando a fabricação e o consumo responsáveis, permitem diminuir os resíduos, economizar energia e reduzir os danos ambientais.
Proteção da biodiversidade: Os planos de ação destinados a proteger a biodiversidade são cruciais para salvaguardar o funcionamento dos ecossistemas e garantir a segurança alimentar.
Proteção dos recursos hídricos: Reduzir a pegada hídrica de particulares e empresas e evitar a poluição das águas são as únicas vias para continuar desfrutando desse recurso natural, do qual dependem todas as formas de vida e que a cada ano é mais escasso.
O Homem deveria ter com principal mantra de vida a célere frase de Antoine-Laurent de Lavoisier: “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” e a certeza de que não existe a possibilidade de jogar o lixo fora, já que não há “fora”. Toda ação do homem sobre a Terra gera um impacto que não pode ser desfeito, mas precisa ser medido e estudado. As próximas eras geológicas dependem das ações feitas agora.
REFERÊNCIAS:
NETO, Amaro. Eras Geológicas 7º ano Professor Amaro. 2018. Disponível em: < https://slideplayer.com.br/slide/13018963/>. Acesso em Agosto de 2023.
POLON, Luana. Eras Geológicas. 2015. Disponível em: <https://www.estudopratico.com.br/eras-geologicas/>. Acesso em Agosto de 2023.
IBERDROLA. O antropoceno: a era em que o artificial tem mais peso que o natural. 2021. Disponível em: < https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/o-que-e-antropoceno>. Acesso em Agosto de 2023.
Sobre a autora: Magaly Aparecida Lemos - Graduanda em Ciências Biológicas/Licenciatura na UFU, Geógrafa formada pela UFU, com experiência na área de Geociências, com ênfase em Geografia Física.
Contato: magalylemos.minasbio@gmail.com
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