Você sabia que todas as espécies de tartarugas marinhas são consideradas migratórias? Isso ocorre porque, ao menos em uma fase da sua vida, todas realizam algum tipo de deslocamento. Os recém-nascidos se deslocam em mar aberto, os jovens procuram locais de menor profundidade e, quando alcançam a maturidade sexual, migram para locais de acasalamento a cada ano durante a estação reprodutiva.
Nas áreas de reprodução, as fêmeas e os machos copulam. Depois, os machos voltam para as áreas de alimentação, sem nunca abandonarem o mar. Enquanto isso, as fêmeas se dirigem às praias para construir o ninho e desovar seus ovos.
Uma coisa muito interessante a respeito de algumas espécies de tartarugas marinhas é o que chamamos de filopatria natal, ou natal homing: quando as fêmeas retornam para às mesmas praias em que nasceram para nidificar, ou seja, cavar ninhos e depositar seus ovos.
Esse comportamento ocorre devido a sua capacidade de orientação por meio do campo magnético da Terra, o que permite que as tartarugas consigam navegar milhares de quilômetros em mar aberto e retornar a sua praia natal na época reprodutiva.
De acordo com estudos recentes, as tartarugas utilizam a chamada impressão geomagnética para navegar em seus arredores – o mesmo processo utilizado por algumas aves e peixes. Além disso, as tartarugas também podem sentir a intensidade do campo magnético e até o seu ângulo de inclinação.
Segundo pesquisadores, as tartarugas são capazes de marcar o campo magnético das praias em que nasceram, já que cada praia tem uma espécie de código específico de campo magnético. Então, enquanto filhotes, estes animais são capazes de decorar esses códigos e utilizá-los quando precisarem voltar à terra firme para a postura dos ovos.
Essa percepção do campo magnético pelas tartarugas marinhas pode ter relação com a presença de partículas de magnetita, bases minerais presentes em seus tecidos encefálicos.
Mas porquê essa necessidade de voltar à sua praia natal para desovar seus ovos? Apesar de não possuírem cuidado parental, esse comportamento é a única certeza que irão fazer a postura em um lugar apropriado e seguro para o desenvolvimento de seus filhotes.
Porém, essa certeza não tem sido garantida, já que ao retornarem, as fêmeas podem encontrar um ambiente bem diferente de quando elas o deixaram, uma vez que seu local de desova tem sofrido cada vez mais com a ação humana e a poluição dos litorais.
REFERÊNCIAS:
BROTHERS, J. R.; LOHMANN, K. J. Evidence that magnetic navigation and geomagnetic imprinting shape spatial genetic variation in sea turtles. Current Biology, v. 28, p. 1325-1329, 2018.
COSTA, A. SILVEIRA. SEMPREBOM, T. PEIRÓ, D. Desova das tartarugas marinhas: a grande jornada de volta à praia natal. Disponível em: <https://www.bioicos.org.br/post/desova-das-tartarugas-marinhas-grande jornada-de-volta-a-praia-natal> Acesso em: 30 jan. 2023.
Projeto TAMAR. Reprodução e ciclo de vida. Disponível em: <https://www.tamar.org.br/interna.php?cod=90> Acesso em: 30 jan. 2023.
Sobre a autora: Desirée Olmos, graduanda em Ciências Biológicas/Bacharelado pela UFU, ama ler e é apaixonada pela vida marinha.
Contato: desiree.minasbio@gmail.com
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