A Ancilostomíase é uma geo-helmintíase causada por vermes conhecidos como Ancilóstomos, que vivem no intestino delgado humano. Esses parasitas entram no corpo através da pele, geralmente pelo contato com solo ou por alimentos contaminados, onde os ovos eliminados pelas fezes humanas eclodem e se transformam em larvas infectantes. Regiões com saneamento básico inadequado são as mais afetadas, especialmente em áreas rurais e comunidades com recursos limitados.
Ancylostoma duodenale e Necator americanus são as principais espécies responsáveis pela infecção em humanos. Ao atingir o intestino, os vermes se alimentam de sangue (hematofagia), o que pode levar a uma anemia severa, além de outras complicações, como fraqueza e desnutrição, principalmente em crianças.
Ciclo de Infecção:
O ciclo de infecção começa quando os ovos dos ancilóstomos são eliminados nas fezes até se desenvolverem como larvas no solo. Essas larvas podem sobreviver por dias, até semanas, dependendo das condições ambientais, aguardando o momento de contato com a pele humana. Assim que penetram no corpo, viajam pela corrente sanguínea até os pulmões e, eventualmente, atingem o intestino, onde se fixam e iniciam sua alimentação. Esse processo pode acarretar lesões e até infecções secundárias.
A falta de saneamento básico e o contato com solos contaminados são os principais fatores de risco, especialmente em locais onde as pessoas andam descalças, como áreas rurais, o risco de infecção é muito maior.
Sintomas e Diagnóstico:
Os sintomas da Ancilostomíase variam de leves a graves, dependendo do nível de infecção. Entre os sinais mais comuns estão:
Erupções pruriginosas no local da entrada da larva, frequentemente nos pés
Cansaço extremo e sensação de fraqueza devido à anemia
Dores abdominais e até úlceras em casos mais graves
Perda de peso e desnutrição, especialmente em casos crônicos
O diagnóstico é feito através da análise de exames de fezes, onde os ovos dos parasitas podem ser identificados. Vale destacar também que as infecções com baixa carga parasitária (1-1900 ovos por g de fezes) costumam ser assintomáticas.
Impacto na Saúde Pública:
Embora seja uma doença que afeta majoritariamente áreas com saneamento precário, a Ancilostomíase está incluída no grupo das doenças tropicais negligenciadas, acometendo mais de 400 milhões de pessoas pelo mundo. No Brasil, especialmente em áreas rurais, essa doença já foi um grande problema na saúde pública, principalmente entre as populações mais vulneráveis. Hoje, a melhoria nas condições sanitárias e os programas de educação em saúde têm ajudado a diminuir os casos, mas a doença ainda persiste em muitas regiões.
Prevenção e Tratamento:
Prevenir a Ancilostomíase exige medidas simples, porém eficazes, como evitar andar descalço, principalmente em solos de risco, e melhorar o saneamento básico nas comunidades. O tratamento é relativamente simples, com medicamentos antiparasitários que eliminam os vermes do organismo. No entanto, a taxa de re-contaminação é alta devido o ambiente em que essas populações vivem continuar contaminado.
A melhoria nas condições socioeconômicas, associada a programas de conscientização, é essencial para evitar que a Ancilostomíase continue a ser uma ameaça à saúde pública, mesmo que negligenciada, especialmente em regiões subdesenvolvidas.
Com um esforço coletivo, podemos reduzir drasticamente a incidência dessa doença, promovendo qualidade de vida e prevenindo complicações graves associadas à infecção por Ancilóstomos.
Referências:
FUJIWARA, Ricardo Toshio. Parasitologia Humana: Ancylostomidae. 13 Edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2016.
Ancilostomíase - Manual MSD Versão Saúde para a Família. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-parasit%C3%A1rias-nemat%C3%B3deos-nematelmintos/ancilostom%C3%ADase>. Acesso em: 05 set.2024
Sobre o autor: Diogo Pagotti Calherani, graduando em Ciências Biológicas / Licenciatura - UFU, é movido pela curiosidade e pelo desejo de aprender.
Contato: diogo.minasbio@gmail.com
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