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O Impacto da Indústria da Moda no Meio Ambiente

  • Foto do escritor: minasbioconsultoria
    minasbioconsultoria
  • 9 de ago. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 18 de out. de 2023

Pouco se fala sobre o impacto que a indústria da moda tem sobre o meio ambiente, mas, estudos recentes apontam essa indústria como a segunda mais poluidora do planeta, ficando apenas atrás da indústria petrolífera. Por estarmos imersos no sistema capitalista, estamos cada vez mais suscetíveis ao consumismo e assim, compramos as peças a uma velocidade desenfreada. Eis que surge então, o conceito de fast fashion, traduzido para o português como “moda rápida”, e consiste no padrão de produção, consumo e descarte de produtos de maneira extremamente rápida.


Esse modelo de produção surgiu e se perpetuou porque os produtores acompanham o ritmo do consumidor, que não mede necessidade na hora de comprar suas roupas, mas é movido pelo desejo de possuir cada vez mais, pagando cada vez menos. Na maioria das vezes não há uma reflexão sobre quem, como e com que recursos aquela peça foi produzida ou o que vai acontecer quando ela for inutilizada. A moda é fluida e dita tendências que motivam os consumidores a sempre estarem comprando mais e mais, as vitrines nunca exibem as peças sobressalientes, mas sim as novas, que mudam de acordo com datas comemorativas e estações do ano.


Fonte: Unicentro Cúcuta


Toda problemática se inicia no processo produtivo das peças, já que envolve alto consumo de energia e água, há uma grande emissão de carbono, que por sua vez, tem impacto nas mudanças climáticas, além da poluição por conta dos componentes químicos, como corantes, adicionados às peças, que contaminam o solo e a água. No fast fashion, uma peça jeans gasta cerca de 5 mil litros de água em sua produção.


Com a produção sendo feita de maneira extremamente rápida e barata, o resultado disso são produtos praticamente descartáveis. O ciclo de vida curto das peças motiva o descarte excessivo, que também consiste em um enorme problema. Existem países que se tornam verdadeiros cemitérios de roupas descartadas, como por exemplo, o deserto do Atacama, no Chile, que a quantidade de peças é tão grande que pode ser vista do espaço. O que mais choca é que não apenas contém roupas desgastadas, mas aquelas novas que não foram vendidas.


Fonte: SkyFi

  • ·Mas e se eu continuar comprar muito, mas fornecer um descarte adequado?

O problema não se limita apenas a toneladas de roupas e retalhos descartados, na maioria das vezes de maneira irregular, mas envolve o fato de que muitas peças são constituídas por materiais sintéticos. O poliéster, por exemplo, é um tecido plástico, produzido à base de petróleo, e é uma das fibras mais utilizadas na indústria têxtil, e como todo plástico, demora mais de 200 anos para se decompor na natureza, poluindo o solo e oceanos.


Não acaba por aí, fibras sintéticas como o próprio poliéster, nylon, elastano, ao serem lavadas, se desgastam e liberam microplástico na água. Essas pequenas fibras não são capturadas pelo filtro da máquina de lavar e nem pelo sistema de tratamento de esgoto, quando ele existe, porque há situações que o esgoto é jogado direto ao mar, sem qualquer tratamento. Portanto, para além da preocupação de não usar glitter no carnaval para evitar gerar microplástico, as pessoas devem ficar atentas em qual tipo de tecido elas usam e qual seu impacto nos ecossistemas aquáticos.


O impacto da indústria da moda perpassa não somente sobre as questões ambientais, mas também pelas sociais. Para produzir peças a uma velocidade tão acelerada e ao mesmo tempo com custos tão baixos, isso implica em terceirização e exploração de mão de obra barata. Não é raro vermos notícias de pessoas resgatadas em fábricas têxteis com trabalhos análogos a escravidão, principalmente mulheres e crianças. E não é por acaso que as maiores fábricas têxteis se encontram em países subdesenvolvidos, com direitos trabalhistas limitados.


Fonte: GreenMe


Felizmente, na contramão, surge a moda sustentável é uma vertente que vem crescendo cada vez mais, e visa reduzir ou minimizar os impactos ambientais e sociais desde a produção, uso e até descarte dos produtos. Busca incentivar a redução do desperdício no processo produtivo, o uso de corantes naturais e mais responsabilidade com os recursos, como a água. Além disso, na moda sustentável o trabalhador deve ter condições dignas de trabalho, e seus direitos trabalhistas respeitados.

  • O que fazer enquanto consumidor para impactar menos?

Antes de tudo, é essencial repensar o consumo. Só existe fast fashion porque há demanda. É interessante focar em roupas mais essenciais, versáteis, e que ofereçam combinações diferentes entre si. Ter um guarda-roupas eficiente te desencoraja a gastar com roupas que você nem tem certeza de que irá usar. Nós somos bombardeados a todo instante com publicidades e anúncios que nos estimulam a comprar, mas sempre cabe a reflexão “eu realmente preciso disso? Ou a marca atingiu o objetivo dela me convencendo que eu preciso dessa peça?”


É importante se atentar a composição das peças e selecionar melhor os tecidos escolhidos. Apesar das roupas de malha sintética terem um brilho e elasticidade maiores, custos menores e estarem disponíveis mais amplamente, é essencial que saibamos priorizar roupas de fibras naturais, como seda, algodão, linho e . Além de mais sustentável, utilizar peças de fibra natural é saudável para nós, pois são tecidos respiráveis, e assim, evitam abafamento e mau cheiro da nossa pele.


Fonte: Exame


Mas não sejamos inocentes, até as peças de algodão tem um impacto negativo porque demandam um grande uso de agrotóxicos no cultivo, que pode ter consequências nocivas para nós seres humanos e para a biodiversidade. Por isso, outra medida importante que podemos tomar é comprarmos nossos produtos de empresas responsáveis com o meio ambiente. Há empresas que trabalham com o algodão orgânico, que tem um impacto muito menor, outras investem em reciclar o poliéster, como a empresa Adidas. Saber de onde vem e quem produz a peça que usamos é essencial para um consumo menos impactante.


Infelizmente, essas roupas ainda são restritas a uma parcela muito pequena da população devido ao seu custo elevado. Há pessoas que argumentam que além do custo, consomem roupas derivadas de fast fashion porque em empresas como a SheIN, encontram opções com maior variedade e tamanhos do que as empresas que trabalham com uma perspectiva mais sustentável. Portanto, enquanto consumidores, é importante que saibamos pressionar essas empresas a oferecerem roupas que atendam os diferentes corpos e se atentem com relação ao preço.


Por último e não menos importante, os brechós são fortes aliados a moda sustentável, isso porque permitem aumentar o ciclo de vida e o tempo de circulação das peças, que são reutilizadas ao invés de pararem no lixo. Outro ponto interessante dos brechós é que esses trabalham com preços muito mais acessíveis e permitem o reparo e costumização das peças. Ter o hábito de doar as roupas também é uma estratégia importante para aumentar o tempo de circulação dessas. Essas medidas tão simples já são significativas para que possamos reduzir o impacto que causamos na natureza.


Fonte: Cansei_Vendi


REFERÊNCIAS:


CABALLERO, Luiza. Entenda quais são os poluentes da indústria têxtil. Ecycle. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/poluentes-da-industria-textil/> Acesso em 08/08/2023.


CAMARGO, Fernanda. O custo por trás da indústria da moda é maior do que você pensa. Estadão. 2021. Disponível em: < https://einvestidor.estadao.com.br/colunas/fernanda-camargo/impacto-ambiental-industria-moda/> Acesso em 08/08/2023.


MANZANO, Fabio. Microplásticos que saem das roupas na lavagem estão em todos os lugares, até mesmo nas geleiras, diz especialista. G1. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/01/08/microplasticos-que-saem-das-roupas-na-lavagem-estao-em-todos-os-lugares-ate-mesmo-nas-geleiras-diz-especialista.ghtml> Acesso em 08/08/2023.


MONTENEGRO, Bruna. Moda sustentável: alternativas de produção e de consumo para se ter um meio ambiente mais preservado. Escola Britânica de Artes Criativas & Tecnologia. 2023. Disponível em: <https://ebaconline.com.br/blog/moda-sustentavel> Acesso em 08/08/2023.


RODRIGUES, et al. Um efeito borboleta: a indústria da moda e meio-ambiente. PAUTA. 2021. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/empauta/um-efeito-borboleta-a-industria-da-moda-e-meio-ambiente/> Acesso em 08/08/2023.




 

Sobre a autora: Suzanne Stefanny Vieira Lopes - Graduanda em Ciências Biológicas/Licenciatura na UFU, ama arte e a natureza em todas as formas de vida, com exceção de dípteros. Contato: suzanne.minasbio@gmail.com






 


 
 
 

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