Segundo dados da UNEP (United Nations Environment Programme), o programa das Nações Unidas para o meio ambiente, do volume total de água disponível no planeta apenas 2,5% são de água doce. A maior parte desta água doce se apresenta armazenada em forma de gelo ou neve permanente ou em aquíferos de águas subterrâneas profundas.
As principais fontes de água para uso humano e dessedentação animal são corpos hídricos e perfuração de poços em bacias de águas subterrâneas relativamente pouco profundas.
Ainda segundo dados da UNEP, a parte aproveitável dessas fontes é de apenas cerca de 200 mil km3 de água – menos de 1% de toda a água doce e somente 0,01% de toda a água da Terra.
O óleo de cozinha é uma mistura de substâncias (ácidos graxos insaturados) que não apresenta solubilidade alguma na água. Assim, sempre que o óleo entra em contato com água, não ocorre a sua dissolução, e eles ficam separados em virtude da diferença de densidade.
O óleo de cozinha possui uma densidade inferior à da água. Assim, quando os dois estão misturados, o óleo posiciona-se sobre a água, formando uma película capaz de causar problemas ambientais graves.
A camada de óleo sobre a água prejudica a entrada de luz e de gás oxigênio. Dessa forma, os peixes passam a ter uma oferta menor de oxigênio disponível, o que pode causar a morte desses seres. A diminuição da incidência de luz no ambiente aquático, por sua vez, prejudica todos os processos fotoquímicos nos quais ela é importante, ou seja, o ecossistema aquático.
Ao ser lançado no solo (quando descartado no lixo comum, por exemplo, que é sempre destinado aos lixões), o óleo acaba infiltrando-se. Assim sendo, ele pode alcançar, por exemplo, o lençol freático, poluindo-o. O óleo de cozinha ainda tem a capacidade de formar uma camada impermeável no solo, impedindo que a água da chuva consiga infiltrar-se, aumentando a o risco de enchentes.
Quando bactérias realizam a decomposição do óleo, um dos produtos dessa reação é o gás metano. O problema é que o gás metano, juntamente ao gás carbônico, contribui para o aquecimento do planeta.
Devido aos problemas gerados pelo descarte inapropriado do óleo é preciso buscar possibilidades para reciclagem desse produto, visto que o óleo de cozinha é usado em todos os lugares (residências, comércios e indústrias) e que na maioria das vezes é descartado diretamente no lixo ou nos ralos. E mais que alternativas de reaproveitamento é necessário uma conscientização, além da adesão dos comerciantes e da comunidade para a destinação do produto de maneira correta, para juntos proteger o meio ambiente.
Segundo informações retiradas do site da Sabesp o Brasil produz 3 bilhões de litros de óleo vegetal comestível por ano. Levando em consideração que 1 litro de óleo pode contaminar até 25 mil litros de água, temos um problema gigante nas mãos do serviço público, já que é de sua responsabilidade a preservação e manutenção dos reservatórios de água e do tratamento de efluentes.
Na atualidade já existem práticas para a reciclagem do óleo quando este chega ao ciclo final da sua vida. Dessas alternativas para o reuso algumas são bem simples e fáceis de serem desenvolvida por todos, como é o caso da produção de sabão a partir do óleo descartado.
Outras possibilidades conforme Zucatto, Welle e Nunes para reutilizar o óleo comestível são: produção de glicerina; produção de massa de vidraceiro; produção de farinha básica para ração animal; geração de energia elétrica por meio de queima em caldeira; produção de biodiesel, obtendo-se glicerina como subproduto.
Propor oficinas com o intuito de ensinar as práticas da fabricação de sabão em barras com o óleo que seria descartado no ambiente pode demonstrar formas de reuso do óleo visando a economia nas compras mensais ou mesmo uma fonte de renda.
Foi acompanhada a confecção de sabão em barras com óleo usado, realizado pela Sra Maria Carolina Lemos, e as imagens do passo a passo e a receita foram capturadas deste momento.
A receita utilizada lhe foi repassada por uma conhecida, como acontece na maioria das vezes, são receitas antigas que continuam sendo transmitidas para outras gerações.
O sabão foi confeccionado através da receita abaixo:
Ingredientes:
7 litros de óleo de soja já utilizado
2 litros de água
1 kg de soda cáustica com concentração de 97% a 99% de ativo
500 ml de detergente líquido
Modo de Preparo:
Em um vasilhame de plástico coloque a água e adicione a soda cáustica com cuidado
Aguarde até que pare de ferver e adicione óleo coado
Por fim coloque o detergente.
Mecha com utensílios de plástico ou madeira até engrossar
Deixe em repouso para endurecer.
Corte em pedaços e aguarde alguns dias para utilizar.
A fabricação de sabão deve seguir algumas normas para manter a segurança, tanto no momento do feitio quanto em seu uso futuro.
Segundo o químico Roberto Akira Sugai a atitude de reaproveitar o óleo usado de frituras para fazer sabão é louvável, porém a maioria das fórmulas que estão disponibilizadas tem um excesso de soda, tornando o produto perigoso.
A Anvisa (orgão regulamentador no Brasil) estabelece para um sabão o máximo de pH de 10 e o controle da alcalinidade é feita pela determinação do teor de óxido de sódio que deve se no máximo de 1%.
Pequenas atitudes como a fabricação de sabão utilizando óleo comestível após o final da sua vida útil mostra como é importante a conscientização da população para problemas ambientais que podem ser resolvidos com o envolvimento da sociedade juntamente com o poder público.
O reuso de produtos contaminantes na confecção de novos produtos de consumo surge como uma opção acessível e que, mesmo em pequenas quantidades, já ameniza na diminuição da poluição ambiental.
Ainda são necessárias inúmeras ações para diminuir o índice de poluição das águas, mais com pequenos passos a sociedade caminha em direção a um consumo mais consciente.
Referencias:
AKIRA, R. Sabão de óleo usado – perigo das fórmulas que estão por aí!. Roberto Akira Recursos. Acesso: 01 dezembro de 2017. Disponível em http://www.japudo.com.br/2013/12/29/sabao-de-oleo-usado-perigo-das-formulas-que-estao-por-ai/.
BORTOLUZZI, O. R. S. A poluição dos subsolos e águas pelos resíduos de óleo de cozinha, 2011. Acesso: 01 dezembro de 2017. Disponível em http://bdm.unb.br/bitstream/10483/1754/1/2011_OdeteRoselidosSantosBortoluzzi.pdf.
DIAS, D. L. Poluição provocada pelo óleo de cozinha. Manual da Química. Acesso: 01 dezembro de 2017. Disponível em http://manualdaquimica.uol.com.br/quimica-ambiental/poluicao-provocada-pelo-oleo-cozinha.htm.
PLANTIER, R. D. Poluição por óleo. Cultura Mix, 2012. Acesso: 01 dezembro de 2017. Disponível em http://meioambiente.culturamix.com/poluicao/poluicao-por-oleo.
SABESP. Reciclagem de óleo. Acesso: 01 dezembro de 2017. Disponível em http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=82.
UNEP. Água doce: Panorama Mundial. Acesso: 01 dezembro de 2017. Disponível em https://web.unep.org/geo/sites/unep.org.geo/files/documents/cap2_aguadoce.pdf.
ZUCATTO, L. C.; WELLE, I.; NUNES DA SILVA, T. Cadeia Reversa do Óleo de Cozinha: Coordenação, Estrutura e Aspectos Relacionais. RAE – Revista de Administração de Empresas, 2013, 53 (Set.- Out.). Acesso: 02 dezembro de 2017. Disponível em http://www.redalyc.org/artigo.oa?id=155128126003ISSN 0034-7590.
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Sobre a autora: Magaly Aparecida Lemos - Graduanda em Ciências Biológicas/Licenciatura na UFU, Geógrafa formada pela UFU, com experiência na área de Geociências, com ênfase em Geografia Física.
Contato: magalylemos.minasbio@gmail.com
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