O termo “Deserto Verde” se refere às grandes monoculturas de Eucalipto e Pinus, que abastecem principalmente indústrias de papel e celulose, fábricas de móveis e siderúrgicas que necessitam de carvão vegetal, sendo o Brasil, o maior produtor de celulose branqueada do mundo.
As espécies de Eucalyptus e Pinus são exóticas aqui no Brasil, e o reflorestamento com tais espécies torna os ecossistemas empobrecidos, com baixa biodiversidade e, muitas vezes, sem produtividade suficiente. Essas grandes plantações homogêneas, degradam o solo, diminuem a qualidade e quantidade da água e a biodiversidade local.
Os impactos ambientais dos desertos verdes geram o ressecamento e a degradação do solo. Com a monocultura, prática comum nesses territórios, leva à exaustão dos nutrientes do solo, dificultando a regeneração do solo e reduzindo sua capacidade produtiva. Sendo as raízes de plantas como o eucalipto, profundas que drenam grandes quantidades de água, chegando a cada pé de eucalipto precisar de 30 litros de água por dia, o que pode causar a diminuição dos lençois freáticos e a secagem de rios e nascentes. Essa escassez de água impacta diretamente a fauna, a flora e as atividades humanas que dependem desses recursos.
Além da perda de biodiversidade, pois em regiões onde se instalam grandes monoculturas, a vegetação nativa é substituída por uma única espécie, como as plantações homogêneas de pinus ou eucalipto, tornando o ambiente vulnerável a pragas e doenças, além de reduzir a oferta de habitat para inúmeras espécies animais e vegetais. Não havendo equilíbrio ecológico, o que pode gerar consequências irreversíveis para o meio ambiente.
Além dos impactos ambientais, os desertos verdes também afetam a vida das comunidades rurais. O uso intensivo de pesticidas e fertilizantes químicos para manter esses monocultivos prejudica a saúde dos trabalhadores e das populações próximas. Em muitos casos, os pequenos agricultores, que antes cultivavam uma variedade de produtos, são deslocados para dar lugar às grandes plantações, o que pode gerar desemprego e a perda de suas fontes de sustento.
Embora as plantações de eucalipto e pinus sejam importantes para a indústria, a sua concentração em poucas mãos pode resultar em um modelo econômico desigual. O lucro gerado por essas monoculturas não chega adequadamente às populações locais, e as terras, muitas vezes, são controladas por grandes corporações estrangeiras ou nacionais, o que agrava a desigualdade social.
É necessário repensar as práticas agrícolas no Brasil para evitar a expansão dos desertos verdes. O modelo de agroecologia, que aposta em sistemas agrícolas sustentáveis, pode ser uma solução eficaz para restaurar a fertilidade do solo, conservar a água e promover a biodiversidade. A agricultura familiar, com a diversificação de cultivos e a adoção de técnicas de manejo integradas, tem mostrado bons resultados em várias regiões, trazendo benefícios econômicos e ambientais.
Além disso, é fundamental fortalecer as políticas públicas de preservação ambiental e incentivar o uso de áreas degradadas para o reflorestamento e recuperação dos ecossistemas. O desenvolvimento de um modelo agrícola que alie produção e conservação é urgente, pois é necessário garantir a sustentabilidade tanto para as gerações atuais quanto para as futuras.
REFERÊNCIAS :
CARDOSO, Rafael Said Bherin. A monocultura do eucalipto e suas implicações. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/geografia/a-monocultura-eucalipto-suas-implicacoes.htm. Acesso em: 24 de nov de 2024.
DESERTO VERDE - Os impactos do cultivo de eucalipto e pinus no Brasil. Disponível em:
https://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/02/8.-caderno_deserto_verde.pdf. Acesso em: 24 de nov de 2024.
Sobre a autora: Ticianne Ester de Almeida Silveira, graduanda em Ciências Biológicas / Bacharelado e Licenciatura - UFU. É apaixonada por Restauração Ecológica, Veredas e ama estudar a vida.
Contato: ticianneester.minasbio@gmail.com
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