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Os Metabólitos Secundários das Plantas e Sua Importância

As plantas produzem dois tipos de compostos: os metabólitos (ou produtos) primários e secundários. Os primeiros são moléculas imprescindíveis à sobrevivência da planta, das quais podemos mencionar os açúcares simples, os aminoácidos, as proteínas e os ácidos nucleicos.


Os metabólitos secundários são mais restritos, variando entre plantas de mesma espécie e entre espécies diferentes. Outrora, eram considerados como “rejeitos”, contudo, sabe-se hoje que eles são importantes para a sobrevivência e a propagação das plantas que os produzem, pois também podem atuar como: sinalizadores químicos; mecanismo de defesa contra herbívoros, parasitos ou competidores;  protetores contra a radiação solar; dispersores de pólen e de sementes.


A produção dos metabólitos secundários, ao contrário dos primários, ocorre em órgãos, tecidos ou células específicas, sendo estocados principalmente nos vacúolos, com concentração variável. Dentre os compostos vegetais secundários, pode-se destacar três principais classes: os alcaloides, os terpenoides e os compostos fenólicos.


Fonte: https://www.oleosessenciais.org/metabolismo-secundario-das-plantas/

  • Os Alcaloides


Os alcaloides são compostos nitrogenados alcalinos que incluem a morfina, a cocaína, a cafeína, a nicotina e a atropina, e estão entre os mais importantes ao setor farmacêutico e medicinal, devido aos efeitos fisiológicos ou psicológicos que podem causar em seres humanos.


A morfina foi o primeiro composto a ser identificado, a partir do líquido leitoso liberado por incisões feitas nos frutos da papoula (Papaver somniferum), assumindo grande importância na medicina como analgésico e inibidor da tosse.


Já a cocaína provém de um arbusto chamado de coca (Erythroxylum coca), nativa das colinas orientais dos Andes da Bolívia e Peru, cujas folhas são mascadas por povos tradicionais para reduzir a fome angustiante e a fadiga, além de poder ser utilizada como anestésico na cirurgia ocular e práticas odontológicas.


A cafeína é encontrada em diferentes plantas como o cafeeiro (Coffea arabica), o chá-da-índia (Camellia sinensis) e o cacaueiro (Theobroma cacao), sendo um importante estimulante. Contudo, em cafeeiros, suas grandes concentrações podem ser altamente tóxicas e letais para insetos e fungos, além de inibir a germinação de outras sementes ao redor delas, prevenindo o crescimento de competidores (alelopatia).


A nicotina é obtida de folhas de tabaco (Nicotiana tabacum), altamente tóxica devido aos potenciais danos associados ao fumo. Tal composto é sintetizado, em reposta a alguma lesão, nas raízes e transportado para as folhas, onde é armazenado nos vacúolos, sendo considerada como eficiente dissuasor ao ataque de mamíferos e insetos herbívoros. 


Por sua vez, a atropina, atualmente, é utilizada como estimulante cardíaco, dilatador de pupilas em exames oftalmológicos e eficiente antídoto contra envenenamento por alguns gases asfixiantes.


Fonte: https://www.istockphoto.com/br/fotos/molecula-de-cafeina

  • Os Tepernoides


Os terpenoides estão presentes em todas as plantas e são de longe a maior classe de metabólitos secundário (cerca de 22.000 compostos). Podem ser sintetizados em diferentes tipos em partes distintas de uma única planta e são classificados de acordo com a quantidade de unidades de isopreno (um gás emitido pelas folhas de muitas espécies, emitido somente na presença de luz) na molécula.


Muitos dos monoterpenoides (duas unidades de isopreno) e sesquiterpenoides (três unidades de isopreno) são chamados óleos essenciais, por serem altamente voláteis e contribuírem para a fragrância ou essência das plantas que os produzem, responsáveis por: inibir a ação dos herbívoros; protegerem contra o ataque por fungos e bactérias; alelopatia. Estudos indicam que o diterpenoide taxol (com quatro unidades de isopreno) possui propriedades anticâncer, especialmente tumores malignos do ovário e dos seios.


O maior composto terpenoide é a borracha (moléculas com 400 até mais de 100.000 unidades de isopreno), obtida a partir do látex, da planta tropical Hevea brasiliensis, um membro da família Euphorbiaceae.


Contudo, muitos terpenoides são venenosos, como os glicosídios cardioativos, derivados esteróis que podem causar ataques cardíacos. Porém, quando utilizados medicinalmente, glicosídios cardioativos podem provocar batimentos cardíacos mais regulares e fortes. Esses tipos de terpenoide venenoso são sintetizados por membros da família de plantas latescentes (Apocynaceae), fornecendo defesa contra herbivoria.


Além das funções citadas, alguns são pigmentos fotossintéticos (carotenoides) e hormônios (giberelinas, ácido abscísico), enquanto outros servem como componentes estruturais de membranas (esterois) ou como transportadores de elétrons (ubiquinona, plastoquinona).


Fonte: https://blog.growplant.com.br/terpenos/

  • Compostos Fenólicos


Os compostos fenólicos incluem grande variedade de compostos que contém grupo hidroxila (—OH) ligado a um anel aromático (um anel de seis carbonos, contendo três duplas ligações). São presentes na maioria das plantas e se acumulam em todas as suas partes (raiz, caule, folhas, flores e frutos). Embora eles sejam os metabólitos secundários mais estudados, sua função não fora solidamente desvendada.


Fonte: http://www.ledson.ufla.br/metabolismo-secundario/compostos-fenolicos/

Um exemplo desse tipo de composto são os flavonoides, encontrados em vinhos tintos e no suco de uva, que podem reduzir o nível de colesterol do sangue. Podemos dividi-los em várias classes, incluindo antocianinas, flavonas e flavonóis, os quais: desempenham papel na pigmentação das flores;  podem afetar o modo como as plantas interagem com outros organismos; protegem contra os danos da radiação ultravioleta.


Os taninos, presentes em muitos tipos de folhas de plantas lenhosas e isolados em vacúolos, são os mais importantes dissuasores alimentares contra herbívoria nas angiospermas. Seu sabor amargo repele os insetos, répteis, pássaros e outros animais, sendo presente em alta quantidade em frutos não maduros. Também ser usado para tanar o couro, protegendo-o de bactérias.


Já as ligninas são depositadas na parede celular e são o segundo composto orgânico mais abundante na Terra. Conferem importância quanto à resistência à compressão e pela rigidez que ela confere à parede celular, representando um papel primordial na evolução das plantas terrestres, pois sua adição às paredes celulares vegetais das plantas terrestres ocasionaram aumento de estatura e desenvolveram sistemas ramificados.


A lignina também impermeabiliza a parede celular, facilitando o transporte de água para cima nas células condutoras do xilema, além de contribuir para a resistência das células condutoras de água à tensão gerada pela corrente de água. Também é obtida como resposta a lesões e ataques por fungos, protegendo a planta a partir da resistência das paredes à penetração mecânica, agindo também contra a atividade das enzimas dos fungos e reduzindo a difusão das enzimas e toxinas do fungo para dentro da planta.


Por último, em relação ao ácido salicílico, sabe-se que este é essencial ao desenvolvimento da resistência sistêmica adquirida (SAR), a qual acontece em resposta a um ataque localizado, provocado por bactérias, fungos ou vírus patogênicos. Como resultado, outras porções das plantas ficam progidas de forma duradoura contra os mesmos patógenos ou outros agentes.

 




REFERÊNCIAS:

RAVEN, P. H.; EICHHORN, S. E.; EVERT, R. F. Biologia Vegetal - 8ª Edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2014.





 

Sobre autora: Bruna Luiza Carvalho Machado, técnica em Meio Ambiente pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e graduanda em Ciências Biológicas na Universidade Federal de Uberlândia (UFU); grande entusiasta das questões ambientais, sobretudo gestão ambiental e ecologia, com uma especial inclinação à micologia.


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