REGENERAÇÃO ANIMAL - um superpoder?
- minasbioconsultoria
- 12 de fev.
- 3 min de leitura
Será que só personagens fictícios podem se regenerar?
A regeneração é um processo de reativação que recupera algum tecido perdido/removido, processo diferente da cicatrização que é uma resposta fibroproliferativa que restaura as estruturas originais, porém envolve a deposição de colágeno e a formação da cicatriz. A regeneração acontece em quase todos os seres vivos, mas alguns em especial tem a capacidade regenerativa maior podendo restaurar tecidos, órgãos ou partes inteiras do corpo, por meio da proliferação e diferenciação celular. Esse processo pode acontecer por meio de acidentes, predatismo, competição, infecção ou mecanismo de defesa.
Em invertebrados, principalmente aquáticos, a capacidade regenerativa é muito maior do que em vertebrados que essa capacidade foi progressivamente limitada ao longo da evolução, sendo ainda menor em amniotas (especialmente mamíferos e aves) do que em peixes e anfíbios. Nos vertebrados esse processo regenerativo acontece com o reparo e regeneração de tecidos e não são capazes de formar um novo indivíduo a partir de outro.
Esse processo pode ocorrer por 4 formas:
● Uso de células-tronco para recuperar o tecido perdido.
● Epimorfose - Proliferação celular causando a reconstituição das partes perdidas a partir de células de tecidos já existentes.
● Morfalaxia - São formadas novas estruturas a partir do tecido já existente, não ocorre a proliferação celular.
● Regeneração compensatória - há a divisão das células, mas elas mantém as funções diferenciadas
Então vamos falar sobre os animais que são mestres em regeneração?
Hydras
Esse cnidário foi primeiramente estudado por Abraham Trembley ele escreveu sobre a regeneração da Hydra na formação de um novo organismo, para a época a capacidade que ela tinha em formar novos organismos por regeneração era algo assustador. Ele estudou o comportamento das hydras e fez experimentos sobre a reprodução dos pólipos, após notar que se haja a perda de tecido ou de partes inteiras pode haver a regeneração destes.
Um dos seus experimentos foi virar uma Hydra do avesso para observar o que poderia acontecer, então as células gastrodérmicas desse animal funcionaram como uma “nova epiderme”, possibilitando a sobrevivência do animal. A Hydra possui células com uma modesta capacidade de regeneração e em alguns casos animais inteiros podem ser reconstruídos a partir das células retiradas.
Ctenóforos
Animais desse filo também podem regenerar qualquer parte perdida, podendo perder quadrantes inteiros ou uma metade completa que podem ser regeneradas. Na reprodução os platictenideos se reproduzem por meio da perda de fragmentos que são desprendidos do animal e eles podem se regenerar formando um organismo completo.
Planárias
Pertencentes ao filo Platyhelminthes, as planárias possuem uma incrível capacidade regenerativa, ao ser cortada em fragmentos pequenos, esses fragmentos podem ser tornar outros indivíduos com as mesmas características, mas com dimensões menores, os fragmentos regeneram-se de forma precisa cada parte perdida, esse tipo de regeneração é designada por fragmentação. Esse processo depende da atividade de células estaminais, que são capazes de se auto-renovarem e possuem divisão ilimitada.
Estrelas-do-mar
Pertencentes ao filo Echinodermata, esses indivíduos também possuem uma alta capacidade regenerativa. Alguns estudos sobre as estrelas foram feitos para conferir as histórias de catadores de ostras que contavam que quando as estrelas eram cortadas elas conseguiam regenerar um animal completo a partir do segmento cortado. Mas a capacidade de regeneração da estrela só acontece caso parte do disco central seja mantido, um braço isolado não tem essa capacidade, a não ser pelas espécies do gênero Linckia que conseguem formar outro indivíduo a partir de um braço e apenas ⅕ do disco central.
REFERÊNCIAS:
BRUSCA, R. C.; MOORE, W.; SHUSTER, S. M. Invertebrados, 3ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. E-book. p.938. ISBN 9788527733458. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527733458/. Acesso em: 10 fev. 2025.
FARIA, H. F. Planária. Rev. Ciência Elem., V9(1):007, 2021. Disponível em: https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2021/007/. Acesso em: 10 fev. 2025.
FILHO, L. C. G. S. Et al. Biotecnologia e regeneração. In: Internacional de Saúde Única (Interface Mundial). Ebook. Vitória. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Matheus-Casotti/publication/359756364_Biotecnologia_e_Regeneracao/links/625571a84f88c3119cf53869/Biotecnologia-e-Regeneracao.pdf. Acesso: 11 fev. 2025.
Garcia R. Regeneração. In: Lauer de Garcia SM, Fernández C. eds. Embriologia, 3e. McGraw-Hill Education; 2023. https://accessartmed.mhmedical.com/content.aspx?bookid=3325§ionid=276709411. Acesso em: 11 fev. 2025.
PRESTES, M. E. B.; MARTINS, L. A. P. Observação e experimentação animal no século XVIII: os estudos de Abraham Trembley sobre a hidra. Canoas: Acta Scientiae, V.16, n.2, p.345-369, 2014.
Sobre o Autor: Estudante de Ciências Biológicas - Licenciatura. Se interessa sem microbiologia, educação ambiental, divulgação científica e é apaixonada pela educação.
Também queria ter esse poder! rsrsrs Ótimo texto.
Adorei 💚💚